segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O trabalho de Piercy

Durante dois anos da minha graduação, em minha IC, estudei representações do corpo e do espaço no romance Body of Glass, de Marge Piercy, que nasceu e cresceu em Detroit. O que eu pretendo, neste post, é apresentar a autora para quem tropeçar por aqui. Além de ser envolvida com o movimento feminista, a autora também está ligada a outros movimentos políticos, como os direitos civis. Desde a década de 1960, suas obras trata mtanto dessas questões políticas, ambientais e de gênero. Embora seja autora de poesias, ensaios, romances e um livro de memórias, não é muito conhecida no Brasil, exceto no campo acadêmico, e não existem traduções para o português de suas obras.

São dezessete romances produzidos entre 1969 e 2005 – de Going Down Fast a Sex Wars. Body of Glass foi lançado primeiro nos Estados Unidos sob o título de “He, She and It” em 1991 e, somente, depois de um ano, foi publicado na Inglaterra com o nome de Body of Glass, recebendo, em 1993, o prêmio Arthur C. Clarke. O objetivo dos posts sobre Body of Glass é mostrar um pouco das minhas brevíssimas análises desse romance. São elas (click nos títulos para ler os textos):

Quando estar fora de si é estar em si: o êxtase nas narrativas de Marge Piercy (não publicado)

Resumo: As ficções científicas consagraram-se como um campo profícuo para a exploração de inquietações culturais e expectativas. Neste contexto, as narrativas de Marge Pìercy refletem sobre essas questões, sem deixar de criar novas realidades. Com base em conceitos sobre a experiência de estar fora de si, o presente trabalho oferece uma leitura crítica de dois romances da autora, observando o papel da espaço e do corpo no êxtase.

Representações do corpo e do espaço em Body of Glass, de Marge Piercy (publicado nos anais de II SENALIC)

Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar as imagens e representações do corpo e do espaço encontradas no romance Body of Glass (1991), de Marge Piercy, observando o debate entre as ciências biológicas e sociais a respeito da importância da natureza e da cultura. Com fulcro em teorizações acerca dos conceitos de gênero e utopia, os resultados apontaram para a possibilidade de desconstrução da lógica binária, a partir da aproximação dos conceitos de corpo, gênero e espaço no tocante à construção social.
Palavras-chave: Corpo; Gênero; Espaço; Marge Piercy.


Palavras-chave: êxtase; espaço; corpo; narrativa; Marge Piercy.

Representações dos corpos espacializados em Body of Glass, de Marge Piercy (publicado nos anais de Fazendo gênero 9)

Resumo: Vinculado ao projeto mais amplo “O utopismo literário de autoria feminina em língua inglesa – diálogos férteis com a crítica feminista e a biologia evolutiva”, o presente estudo objetivou analisar as imagens e representações encontradas na literatura utópica e distópica de autoria feminina produzida a partir de meados do século XX, observando e analisando o diálogo entre as ciências biológicas e sociais a respeito da importância da natureza e da cultura. O enfoque teórico (AUGÉ, 1992; FOUCAULT, 1967; BALSAMO, 1999; CAVALCANTI, 1999; HARAWAY; 1991) ofereceu subsídios para entender que Body of Glass, ao delinear uma pluralidade de representações de corpo e espaço, subverte posturas patriarcais ao mostrar que estes dois elementos podem constituir formas de resistência. A análise efetuada permitiu, assim, compreender como as representações literárias de corpo, espaço e suas relações com a noção de gênero, enquanto construção social, opõem-se ao determinismo biológico e configuram novas formas de produção utópica.

Atualizações míticas e fragmentações identitárias: especulações pós-modernas em Body of Glass, de Marge Piercy (publicado nos anais do III ENPOLE)

Resumo: As narrativas míticas da modernidade perpetuam o arquétipo do Fausto como algo sinistro e perigoso (WATT, 1997). As atualizações desse mito literário na obra de Piercy (1992), entretanto, parecem sugerir a reconstrução de questões sobre o conhecimento, em direção a discussões sobre a fragmentação identitária. A imagem fáustica parece efetivar-se nas representações distópicas da ciência e as imagens dos cientistas retomam a cesura entre o sujeito e o mundo que ele habita, sob uma perspectiva pós-moderna. Essa cesura é corroborada pela fragmentação das espacialidades da narrativa, o que se mostra como um dos sintomas do gênero romance.
Palavras-chave: Mito; Fausto; Identidade; Espaço; Marge Piercy.

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